Mercedes Baptista, a primeira bailarina clássica

Mercedes Baptista foi a primeira bailarina clássica negra brasileira, primeira mulher negra a passar no exigente concurso e fazer parte do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Ao longo de sua carreira, sentiu na pele a discriminação que a afastava dos palcos. Sua formação na companhia e escola de dança Katherine Dunham certamente definiu os rumos do trabalho que desenvolveu no Brasil e que a coloca como a principal precursora da dança afro-brasileira.

Na década de 1960, Mercedes uniu sua formação erudita com a valorização da cultura negra, lançando o balé afro.

Saiba mais em https://primeirosnegros.com

Comentários

  1. Mercedes Baptista é a esperança renovadora da mulher negra brasileira e "raçuda" que, sempre cumprirá um espaço fundamental na história cultural Brasileira pois a sua luta, gerou novos sonhos.

    ResponderExcluir
  2. Daisy - 20/11/2012
    Foi com surpresa e admiração a vida de Mercedes Baptista, la. bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Agradeço a Mercedes Baptista pela enorme contribuição ao talento negro na dança por este mundo a fora. Espero que seu exemplo seja um estímulo a todos que desejam alcançar seus objetivos.

    ResponderExcluir
  3. Mercedes Ignácia da Silva Krieger, nasceu em 1921 no município de Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro, filha de João Baptista Ribeiro e Maria Ignácia da Silva, uma família humilde que vivia do trabalho de sua mãe, que era costureira. Ainda jovem, mudou-se para a cidade do Rio, exercendo diversas atividades profissionais. Trabalhou em uma gráfica, em fábrica de chapéus e foi empregada doméstica. Trabalhou, também, em uma bilheteria de cinema, quando podia assistia aos filmes, neste período acalentava o sonho dos palcos. Mobilizada por realizar seu sonho, começou a dedicar-se a dança.


    Mercedes Baptista foi iniciada no balé clássico e na dança folclórica, pela grande Eros Volúsia (bailarina que abrilhantou o Brasil através de suas coreografias inspiradas na cultura brasileira). Durante o Estado Novo a política cultural do ministro Gustavo Capanema valorizava a busca de uma arte brasileira. O Brasil se transformava: órgãos públicos eram especialmente criados para o fomento à cultura nacional, o Estado se aparelhava para intervir na cultura. Era o caso do Serviço Nacional do Teatro (SNT), criado expressamente para o fomento das artes cênicas nacionais e que também abrigava uma escola de dança dirigida por Eros, a primeira escola de dança freqüentada por Mercedes Baptista.


    Na década de 1940 ingressou na Escola de Danças do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo a oportunidade de estudar com Maria Olenewa, Yuco Lindberg e Vaslav Veltchek. No ano de 1947 torna-se a primeira mulher negra a ingressar como bailarina profissional no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E Embora fizesse parte do corpo de Baile do Teatro, teve poucas chances de atuar, pois poucas vezes foi escalada para as apresentações. Em entrevistas e bibliografias sobre a artista, ela declara ter sofrido preconceito.


    No mesmo período conhece Abdias do Nascimento e o Teatro Experimental do Negro¹, do que pretendia abrir espaço para o negro no teatro moderno, já que até então ele estivera relegado a papeis secundários, de empregados serviçais, ou de meros tipos populares, malandro, mulata faceira, baiana, etc, passando a acompanhar seus ideais. Mercedes participou de diversos eventos promovidos pelo TEN, sendo, em 1948, eleita a Rainha das Mulatas. No ano de 1950, tornou-se membro do Conselho de Mulheres Negras.


    Em meados da década de 1950 foi escolhida pela coreógrafa, antropóloga e militante afro-americana Katherine Dunham para estudar dança nos Estados Unidos junto à sua companhia, Mercedes se licencia temporariamente do Teatro Municipal e viaja para Nova York onde passa aproximadamente um ano e meio, tendo aulas de dança moderna, danças do Haiti e participou do processo de luta pela valorização racial que era a especialidade de Katherine, além de lecionar balé clássico para o grupo de bailarinos.


    De volta ao Brasil, no fim de 1951, no Rio de Janeiro, funda o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Grupo formado por bailarinos negros que desenvolviam pesquisas e divulgava a cultura negra e afro-brasileiras, introduzindo elementos afro na dança moderna brasileira. O grupo ganhou notoriedade e respeito, apresentaram-se na Europa e vários países da América do Sul.


    Desbravadora, em 1963, junto aos carnavalescos Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, introduziu, a dança clássica no desfile da G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro, do Rio de Janeiro. Mercedes Baptista foi a coreógrafa da Comissão de Frente, que dançou o minueto, num cenário composto com a igreja da Candelária ao fundo. O Salgueiro ganhou o carnaval, com um desfile que se tornou referência, influenciando e mudando o rumo dos desfiles das escolas de samba, pois foi ela quem idealizou as apresentações das escolas com alas coreografadas. Essa novidade trouxe notoriedade pública e Mercedes ainda coreografou para cinema, televisão e teatro.


    Ministrou diversos cursos fora do Brasil - Nova York e Califórnia. Influenciou a dança em outros países, mais também teve consistência e prestígio para introduzir na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a disciplina dança afro-brasileira.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas